quarta-feira, 20 de agosto de 2014

O Cenário musical de Campina Grande

Texto: Carlos de Brito

Jovens artistas reclamam da falta de oportunidades e do monopólio do forró 

Campina Grande, abastado e pulsante entreposto comercial, estrategicamente situada no “centro” do Nordeste, sempre atraiu variados contingentes de trabalhadores e nesse meio vieram os filhos ilustres da cidade. Luiz Gonzaga, Rosil Cavalcanti, Jackson do Pandeiro e outros podem não ter nascido em Campina mas vieram para cá e desenvolveram seus talentos. Aqui deram os primeiros passos como artistas, se apresentando em difusoras, feiras, emissoras de rádio e programas de auditório. Esses artistas que foram influenciando outros grandes nomes como Elba Ramalho e Marinês.

Atualmente, o cenário musical da cidade conta com muitos jovens talentosos, porém, sem espaço, é o que afirma a cantora Lara Sales. Uma das dificuldades para ela como artista em Campina é a falta de oportunidades para quem canta músicas autorais, os estabelecimentos são restritos somente ao forró. Ela cita alguns bares como bons lugares para se apresentar como o Vitrola e o Picanha 200. Mesmo com as dificuldades, a cantora incentiva os jovens músicos da atualidade. “Quem canta não faz pelo dinheiro, a gente faz isso porque é um dom”. Ela ainda fala um pouco sobre suas influências. “Elis Regina me influenciou e influencia cada vez mais, através dela pude conhecer outros artistas que me servem de referência”. Seu sonho era ter vivido na era do rádio.
Campina Grande tem um artista chamado Ângelo Porto que é bem conhecido na cidade. O jovem compositor já venceu um festival numa rádio local com a música autoral “Vim aqui pra te dizer” eleita por voto popular. A mesma virou trilha sonora do filme O Resgate do Pavão Misterioso, do diretor e professor Silvio Toledo. Aos 18 anos vive de composições, grava e escreve músicas para artistas da cidade, como Capilé, Niedson Lua, dentre outros.

Segundo Ângelo, em Campina Grande, o músico é muito desvalorizado e essa seria a maior dificuldade enfrentada. Ele reclama que não só em Campina, mas na Paraíba se predomina apenas um estilo musical, o forró. Contudo, ele se mostra otimista. “Mas, isso vem mudando, hoje em dia já estão sendo incentivados outros estilos musicais e, melhor ainda, estimulando o trabalho autoral”. 

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